FREI VITORIO MAZZUCO
DESCOBERTA POR JACQUES DALARUN
“Com sua presença, o abençoado pai consolava docemente seus filhos; em sua ausência, não deixava de confortá-los também. Certa noite em que se ausentara corporalmente dos frades, por volta da meia-noite, quando alguns frades descansavam e outros oravam, uma carruagem de fogo entrou pela pequena porta da casa e rodopiou várias vezes até parar; acima dela uma luz muito forte em forma de globo, que parecia o sol, iluminou as trevas da noite. Estupefatos e aterrorizados ao extremo, os frades começaram a se perguntar o que seria aquilo. Mas, como por graça de tamanha luz, a consciência de um desnudou-se ao outro, eles compreenderam que era a alma do dulcíssimo pai que, em razão da graça de sua excepcional pureza e dos cuidados de sua grande piedade por seus filhos, merecera obter do Senhor a bênção de um presente como esse”.
“Perscrutando os atos dos frades por meio de um exame cuidadoso e atento, ele não deixava nada impune, erguendo o ferro de sua correção contra aqueles que agiam de modo duvidoso!”
“A terra nua, com uma simples túnica entre ela e ele, era seu leito e, seguidamente, ele dormia sentado, sem se deitar, com um tronco ou uma pedra para sustentar a cabeça”.
“As pessoas ofereciam-lhe pães para abençoar e, conservando esses pães por muito tempo, eram curadas de diversas doenças ao comê-los”.
“Ele fugia da admiração de todas as maneiras possíveis para não incorrer em vaidade”.
“Este homem mereceu chegar ao topo da perfeição quando, pleno da simplicidade de uma pomba, soube por experiência que os pássaros, as bestas selvagens e os peixes obedeciam-lhe frequentemente”
“Numa época, de fato, em que rumava para o vale de Espoleto, ele se dirigiu a um lugar, perto de Bevagna, onde estava reunida uma grande multidão de pássaros de diversas espécies. Quando o santo de Deus os viu, e porque amava todas as criaturas em razão do amor que sentia acima de tudo pelo que o Criador criou, ele correu para esse lugar com alegria e saudou aos pássaros com seu modo habitual, como se eles o compreendessem. Como os pássaros não voavam, cheio de admiração ele avançou até ele. Indo e vindo entre eles, ele tocava com sua túnica suas cabeças e seus corpos. Durante esse tempo, pleno de alegria e admiração, ele exortou os pássaros a ouvir atentamente a palavra de Deus, dizendo: “Meus irmãos pássaros, deveis louvar muito vosso Criador e sempre amá-lo, ele que vos deu penugem e penas para voar; ele que, dentre todas as criaturas, vos fez livres e vos deu a pureza do ar. Vós não semeais nem colheis e ele vos governa sem que percebeis” Diante dessas palavras, exultando fortemente à sua maneira, os pássaros começaram a esticar o pescoço, bater as assas, abrir o bico e olhar para ele”.
“É verdadeiramente um santo aquele a quem as criaturas assim obedecem e sob cuja ordem os próprios elementos mudam de uso”.
CONTINUA
Fonte: Carisma Franciscano