Frei Rinaldo Aparecido Santiago, Ofm.
Parece algo contraditório como pode alguém que carrega comida para cima e para baixo. Para todos os lados, chegar ao final do dia sem comer?
Enquanto você está bem confortável na sala de sua casa e disca para lhe trazerem uma deliciosa comida, nem imagina que neste momento um motoboy ou um entregador de bicicleta anda quilômetros para chegar a sua casa e lhe trazer o que você pediu.
Suspeitaríamos nós que aquele que bate à nossa porta está com fome, apesar de carregar as costas à comida?
A gente nunca para pra pensar que atrás da grande cadeia de alimentação existe uma pessoa que ama que chora que tem família, uma pessoa de carne e osso. Não é um robô programado.
Muitos destes entregadores foram entrevistados e falam de grandes jornadas para ganhar comissões irrisórias. Não tem vínculo empregatício, nem vale refeição, às vezes trabalham em condições precárias.
Se você cancela o pedido não fica por isto mesmo, é descontado daquele que foi até sua casa para entregar o que você solicitou. Por isto, na próxima vez que você nos seus arroubos de impaciência resolver cancelar um pedido não ficará por isto mesmo. O entregador terá que pagar as contas e não a rica empresa a qual você fez o pedido.
Para que tanta impaciência?
Será que não dá para esperar a comida chegar?
O entregador não é o super -homem com sua capa ou a mulher maravilha com o seu jato invisível, tão pouco vem montado num cavalo branco.
Ele vem costurando o transito no meio dos carros. Enfrentando sol e chuva, calor, mal tempo, contrariedades…
O capitalismo selvagem não deixa que nós do nosso majestoso sofá e da nossa tevê de plasma do tamanho de uma tela de cinema. Enxerguemos esta triste realidade que o mundo nos impõe.
Como pode acontecer isto?
O que entrega comida não Come.
A fome é o seu alimento diário!