Frei Almir Guimarães
Ninguém pode tirar de mim a esperança que o Deus dos outros seja também o meu Deus; pois o Deus no qual eu creio é também o Deus daqueles que desconhecem o nome com o qual eu o invoco.
Ao mesmo tempo, porém, acrescento e confesso: Para mim não existe outro caminho, não existe outra porta senão aquela que é aberta por uma mão ferida e um coração traspassado. Não posso clamar “meu Senhor e meu Deus” sem ver a ferida que alcança o coração. Se credere (crer) provier de cor dare, então preciso confessar que meu coração e minha fé só podem pertencer ao Deus capaz de mostrar suas feridas. Minha fé e meu amor são um e ninguém pode tirar de mim o amor pelo crucificado, que é a resposta ao seu amor por mim: O que poderia me separar do amor de Cristo? Do amor legitimado pelas suas feridas? Não sou capaz de dizer as palavras “meu Deus” se eu não enxergar as suas feridas! Mesmo diante da visão religiosa mais brilhante, é provável que eu – a despeito de toda receptividade – suspeitaria que se trata de uma ilusão de uma projeção de meus desejos ou até mesmo do anticristo – se ela não apresentasse as cicatrizes dos pregos.
Tomás Halík, “Toque as feridas”, Vozes, p. 13-14
Cristo como Crucificado é o Verbo que não passa, é o que está à porta e bate ao coração de cada homem, sem coagir sua liberdade, mas procurando fazer irromper nessa mesa liberdade o amor; um amor que não é apenas um ato de solidariedade para Com o Filho do homem que sofre, mas também, de certo modo, uma forma de misericórdia manifestada a cada um de nós para com o Filho eterno do Pai.
João Paulo II
Fonte: Franciscanos – Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil (OFM)