Missão Franciscana do MT e MS

Rua 14 de Julho, 4213 - Bairro São Francisco - 79010-470 - Campo Grande, MS

Notícias › 24/12/2022

“Belém é aqui”: São Francisco e a revolução do presépio de Greccio

Quase 800 anos depois do primeiro presépio, criado pelo pequeno frade de Assis no Natal de 1223, um livro do padre Enzo Fortunato intitulado “Uma alegria nunca vivida” repassa a história das sagradas representações da Natividade de Jesus, de Belém a Greccio, passando por Scala, na Costa Amalfitana, onde Santo Afonso Maria de Ligório encontrou inspiração para o seu “Tu scendi dalle stelle”. Arcebispo Fisichella: “Na gruta, Deus nos fala como uma criança, para nos dizer que está conosco”

Afresco do presépio de Greccio

Alessandro Di Bussolo – Cidade do Vaticano

Uma viagem aos lugares do presépio, desde Belém, onde tudo começou, passando por Greccio, onde Francisco fez o primeiro presépio há quase 800 anos e terminando na gruta de Scala, na Costa de Amalfi, onde Santo Afonso Maria de Ligório teve a inspiração para compor “Tu scendi dalle stelle”, a mais famosa canção de Natal. É o que conta o frade menor conventual padre Enzo Fortunato, jornalista e ex-diretor da Sala de Imprensa do Sacro Convento de Assis, natural precisamente de Scala, no livro Una gioia mai provata. San Francesco e l’invenzione del presepe, Edizione San Paolo (“Uma alegria nunca vivida. São Francisco e a invenção do presépio”, em tradução livre).

“Uma alegria nunca vivida” em Greccio, no Natal de 1223

A alegria é aquela dos presentes na noite de Natal de 1223, pastores, gente comum e nobres de Greccio, na Missa organizada numa gruta pelo frei Francisco, com uma manjedoura, um boi e um burro. Francisco canta o Evangelho e no sermão fala do pobre rei a quem chama de “o menino de Belém”.

Como narra Boaventura de Bagnoregio em sua Lenda Maior, um cavaleiro que havia deixado a milícia para se juntar a Francisco, “afirmou ter visto, dentro da manjedoura, uma bela criança adormecida que o bem-aventurado Francisco, asegurando-a com os dois braços, pareceu despertar do sono”.

E a alegria também foi aquela do pequeno Enzo que, como caçula da família – recorda na apresentação o franciscano – carregava a imagem do menino em procissão desde o presépio, para ser beijado por todos os presentes.

“Uma invenção que é o seu maior protesto silencioso”, comenta padre Fortunato em entrevista ao Vatican News, como já havia feito na apresentação do livro na Basílica de Sant’Anastasia al Palatino, em meados de novembro no Dia Mundial dos Pobres. “Protesto contra uma sociedade e uma Igreja que usavam a Cruz de Cristo como bandeira para as Cruzadas, que haviam esquecido o valor da ternura e da atenção para com o próximo, o mais fraco, o leproso. Justamente por isso foi escolhido o Dia dos Pobres para a apresentação do livro, para ajudar a todos a refletir sobre nosso estilo de vida e as tantas formas de pobreza no mundo”.

A gruta do primeiro presépio de São Francisco em Greccio

Gambetti: Deus se faz homem para compartilhar nossa solidão

Na apresentação, também pronunciou-se o cardeal Mauro Gambetti, vigário do Papa para a Cidade do Vaticano e ex-custódio do Sacro Convento de Assis, para sublinhar que “o Senhor do universo no Natal torna-se pobre para pobres que somos, sozinhos de uma solidão radical. Ele se faz homem para compartilhar conosco nossa solidão. E nesta solidão se experimenta mais o desejo de comunhão. Uma busca de beleza e pde luz que vem do alto”.

O escritor “a procura” Erri De Luca, concentrou a atenção na pobreza dos pastores, os primeiros capazes de escutar a mensagem divina. E sobre o amor a Maria graças ao qual José acredita no inverossímil, “como inverossímil é, muitas vezes, a verdade”. “Gosto, no presépio – disse – do fato de serem todos pobres, não há ricos”. E concentrou-se na figura de José, Josef, aquele que acrescenta que “é a terra que permite que a planta de Maria cresça e dê o fruto de Jesus”.

Fisichella: simples para entender o presépio e ver os invisíveis

O arcebispo Rino Fisichella, delegado do Papa para a organização do Jubileu de 2025, também esteve entre os presentes, destacando a mensagem de simplicidade do presépio, “uma simplicidade de que todos precisamos hoje e que nos remete à criança que está em nós, àquela beleza em que o homem descobre a capacidade de amar”. Se não a redescobrirmos, acrescentou, “não conseguimos entender o presépio e as formas de invisibilidade que existem hoje”. Com efeito, a oração de Jesus louva o Pai “porque escondeu estas coisas aos sábios e as revelaste aos pequeninos” que sabem ouvir.

Quanto é importante o presépio e a contemplação de sua beleza para a primeira evangelização e a catequese dos pequenos? E como valorizá-lo também para os mais velhos?

Tem uma importância fundamental, pois o presépio é a transmissão da fé. O Papa Francisco nos lembrou disso, é uma obra de evangelização. Na carta que o Papa escreveu (Admirabile signum, ed) ele diz que São Francisco, ao criar o presépio pela primeira vez em Greccio em 1223, fez uma grande obra de evangelização. Vemos isso também agora. Só para dar um exemplo: os 100 presépios do Vaticano que montamos no período do Natal, somente no ano passado foram visitados por mais de 190.000 pessoas. Diante do presépio nos descobrimos simples, nos descobrimos com a bondade. A mensagem que vem do presépio é uma provocação: retorna em ti mesmo, redescobre o que é essencial para a vida.


Fonte: Vatican News 

Deixe o seu comentário





* campos obrigatórios.

Cadastre-se e receba nossas novidades

X