Frei Rogério Viterbo de Sousa, OFM
Em meio a estes tempos turbulentos em que muitas coisas aconteceram e continuam a acontecer de triste em nosso mundo, percebo uma forma de ingratidão reinando em muitos corações. Hoje existem muitas pessoas insatisfeitas, ingratas e amarguradas porque muitas coisas não estão saindo conforme elas esperavam. Infelizmente, nós também corremos o risco de sermos assim! Ficamos amargurados e vamos vivendo a vida de murmuração em murmuração. Tornamo-nos pessoas ingratas e isso é uma realidade lamentável.
De acordo com a nossa espiritualidade franciscana, aprendi que a gratidão é uma atitude própria do coração franciscano, que deve ser constantemente vivida e praticada, com toda a humildade. Aprendi, também, que, mesmo que estejamos em constantes lutas, sempre teremos motivos para ser gratos a Deus por tudo. Lemos em 1Tessalonicenses 5, 18: “Em tudo, dai graças, porque esta é a vontade de Deus em Cristo Jesus para convosco”.
Bem sei que há épocas na vida da gente em que as coisas vão bem e em outras, não. Agradecer quando as coisas estão indo bem torna-se uma tarefa fácil. Difícil é ter atitudes de gratidão quando nada dá certo, em meio ao medo, ao pânico, ao cansaço e à desinformação, gerados por esta crise de saúde mundial, e pela guerra absurda que atualmente assombra a toda a humanidade.
Ter e manifestar gratidão é fundamental para que nos tornemos pessoas melhores, felizes e completas. A gratidão, cada vez que é praticada, tem o poder de tornar o nosso coração mais feliz. Além disso, a gratidão nos ajuda a ter uma visão mais otimista em relação à vida, às pessoas e ao mundo. Por isso, ser grato pelo dom da vida, pela saúde, pela família, pelo trabalho, pelos amigos e até pelas dificuldades que enfrentamos, deveria, ou melhor, deve ser uma atitude constante a cada dia em nossa vida.
A Sagrada Escritura nos ensina a sermos sempre gratos. A gratidão é a atitude normal de um coração que está sempre sintonizado com Deus. Por isso, sejamos gratos com quem nos faz felizes e com quem nos proporciona bons momentos. Sejamos gratos pela nossa saúde e pela de quem amamos. Sejamos gratos pelas amizades verdadeiras. Sejamos gratos a Deus por tudo. Afinal, um coração grato não dá espaços para nenhuma forma de ingratidão e para nenhum tipo de sentimentos negativos com relação ao presente e ao futuro.
Movidos pela gratidão, não permitamos que existam esquecimentos, que nos impeçam a arte de saber agradecer. Saber agradecer é a capacidade de reconhecer a importância de pessoas em nossa vida, especialmente daquelas que mais nos ajudaram em nossa caminhada existencial. Certamente nos reduziríamos a nada sem a presença de pessoas boas em nosso cotidiano e na nossa história pessoal. O que seria de nós sem a ajuda de Deus e de pessoas que nos ajudaram a ser mais humanos, a ser melhores e a ser capazes de vitórias? A Deus, a elas e a ninguém nunca e jamais poderíamos demonstrar qualquer forma de ingratidão. Vivemos em permanente necessidade da ajuda de Deus e da ajuda fraterna de nossos semelhantes e isso é uma grande verdade.
À guisa de conclusão, lembremo-nos que a falta de capacidade de manifestar gratidão nos tornará amargos e que a coragem de saber agradecer nos fará mais humanos. “A gratidão é o único tesouro dos humildes”, disse William Shakespeare.
Sejamos humildes e pratiquemos a gratidão em nosso cotidiano. Certamente, a felicidade trazida pela gratidão ao nosso coração tornará bem mais agradável a nossa vida. Que Deus nos conceda a graça de termos um coração capaz de gratidão, que seja incansável na arte de agradecê-lo por, simplesmente, tudo!
Desejo que minhas humildes palavras, talvez, lhes sirvam para um bom momento de reflexão. Se assim for,
Boa reflexão, então!
Convento São Francisco, Campo Grande, MS, 05 de março de 2022.