Missão Franciscana do MT e MS

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Mensagem do Custódio › 15/12/2020

Palavras do coração franciscano – A Saudade, a Felicidade e o Coração Franciscano!

Quais são os ensinamentos de São Francisco de Assis?

A Saudade, a Felicidade e o Coração Franciscano!

Frei Rogério Viterbo de Sousa, OFM

Hoje, quero apenas falar da saudade que traz felicidade e da felicidade que deixa saudade. Falar usando do recurso poético, pois a linguagem poética permite escrever tomado de emoção e sem o jugo da razão. Minha pretensão é deixar a emoção viajar pela estrada da inspiração. Não quero filosofar e nem divagar pelo mundo das idéias abstratas. Quero apenas jornadear no lugar onde a saudade e a felicidade escolheram para morar. Neste caso, falo do coração humano. Em especial, falo do meu coração franciscano e de suas verdades, que me dão as respostas a minhas inquietações e me permitem a arte de poder sentir saudades, transformando-as em felicidade.

Espero que não pareça confuso tudo isso. À vista disto, começo minha elucubração poética avisando que apenas sou um aprendiz de poeta. Vamos lá, então! Poetizarei os meus pensamentos e os tornarei palavras para feitura deste humilde texto.

Começo dizendo que a saudade veio me visitar. Na verdade, ela gosta de ser uma visita constante e insistentemente, minha amiga. Fico pensando no motivo desta insistente visita. Às vezes, gosto de acreditar que ela não precisa de motivo nenhum para vir. Ela, simplesmente, vem para trazer consigo a felicidade em tons reais. Pergunto-me, então: por que ela vem chegando calmamente, sem fazer alarde no meu coração franciscano? Confesso que não sei, mas que gostaria de saber.

Na verdade, acho que a saudade foi feita para vir num vindo infinito sem precisar ir embora. E neste dilema de encontrar respostas, descobri que, se eu não conseguir fazer as perguntas certas, não poderei encontrar respostas certas. As perguntas se tornam inúteis, quando não se sabe o caminho para chegar às respostas certas. Isso eu bem sei.

Nesta busca incessante pelas respostas certas, aprendi que as coisas não são para sempre, mas a saudade parece que gosta de ser. Bom, seria se a felicidade parecesse e fosse! Seria a saudade um sentimento feito teimosia, que aprendeu a não ir embora? Na tentativa de dar uma resposta certa, me apeguei à solução imediata e corriqueira de quem não consegue e não sabe entender. Aquela solução de quem não é capaz de vislumbrar um caminho para chegar às respostas relevantemente certas, as famigeradas desculpas.

Num ápice do pensamento, percebi que desculpas significariam dar as culpas, por não conseguir respostas convincentes. Retrocedi neste desejo desacertado e perguntei-me: que culpas eu teria de sentir a saudade e a felicidade que sinto? Que culpas existiriam na minha consciência, se elas, polidamente, escolheram o meu coração franciscano como morada?

Diz um ditado popular que a vida é uma coleção de saudades e de felicidades. Seria esta uma boa resposta. Mas não para o meu inquieto coração franciscano. Com toda embirração, ele continuou a querer respostas que explicassem o porquê e o poder que existe na saudade e na felicidade. Quis respostas que pudessem singelamente explicar-me e devolver-me a minha quietude nesta busca implacável pelo menos por uma só resposta certa.

Depois de tanto pensar, movido pelas emoções surgidas, arrisquei a enveredar-me pelo caminho do silêncio. Silenciei todo meu ser e mandei para bem longe as ansiedades produzidas nesta viagem poética pelo mundo dos pensamentos e das palavras. Num misto de expectativa e de euforia, parei e me pus a ouvir o meu coração franciscano. Isso mesmo, ouvir o meu coração franciscano. Então, quis, tomado de pressas necessárias, ouvi-lo ardentemente. E ele, sem pressa alguma, no pulsar das certezas, respondeu-me afagando minhas emoções com a mais doce verdade. Disse-me: “basta somente sentir a saudade e vivê- la com felicidade, com gratidão e com a alma, pois aí você encontrará a sua resposta desejada”.

Ouvindo o meu coração franciscano, com toda querença pelo saber, foi que encontrei com jubilidade uma resposta repleta de exatidão. Tal resposta estampou um largo sorriso nos meus lábios e eu fui respondendo para mim mesmo que a saudade é uma forma de presença que Deus eternizou no tempo onde a vida se chama felicidade. Eis aí a tão sonhada, desejada, buscada e esperada resposta! Prometi que esta resposta seria sempre uma verdade para mim.

A resposta foi mais além do que eu esperava. Fez-me descobrir que tanto a saudade como a felicidade combinam, perfeitamente, com meu coração franciscano. Afinal, admito que seja demasiadamente bom sentir saudade, posto que a saudade sempre me traz a felicidade. Sendo assim, pedi que a saudade venha sempre me trazendo a felicidade e que ambas demorem o tempo necessário para serem eternas no meu coração franciscano.

Hoje, eu posso dizer, com vívida voz, que até no mínimo do meu coração franciscano existe um lugar pronto para caber um máximo de saudade de tudo e de felicidade por tudo. Que  seja sempre assim, o meu coração franciscano desbordando de tanta saudade e de tanta felicidade!

Termino o decurso destas palavras, sentindo felicidade e também a saudade que ela sempre me traz. Desejo que minhas humildes palavras, talvez, lhes sirvam para um bom momento de reflexão. Se assim for,

Boa reflexão, então!

Convento São Francisco, Campo Grande, MS, 06 de julho de 2020.

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