Missão Franciscana do MT e MS

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Mensagem do Custódio › 16/12/2020

Palavras do coração franciscano – Devolver a esperança aos corações

Quais são os ensinamentos de São Francisco de Assis?

Devolver a esperança aos corações

Frei Rogério Viterbo de Sousa, OFM

 Há dias, meu coração franciscano tem refletido sobre o dom da esperança. Sempre tive muita esperança e continuo, franciscanamente, tendo uma esperança infinita. Por essa razão, não me deixo ser perturbado pelas angústias, pelos medos e pelas incertezas que esta pandemia tem causado. Sei que muitas coisas já mudaram e, certamente, mudarão em nossas vidas e no mundo. Mas estas mudanças não podem abalar a fé, que nós temos em Deus.

Averiguando este momento, parece-me que esta pandemia do novo coronavírus também tem afetado a esperança de muita gente. Em meio a esta triste realidade, muitas pessoas buscam sem sucesso projetar como e quando tudo isso vai acabar. Projetam, inclusive, como será a vida e o mundo num futuro próximo. As dúvidas se acumulam e as poucas respostas que surgem são muitas vezes conflitantes e incapazes de devolverem a paz aos seus amedrontados corações. Surge, então, a tal desesperança estampada em muitos rostos e em muitos corações…

Diante desta realidade, alguém um dia me perguntou: “O que podemos fazer para devolver a esperança aos corações cheios de desesperança?” Foi uma pergunta propícia e que esperava por uma resposta. Ousei apenas respondê-la dizendo, com toda sinceridade, que, mesmo nas grandes provas e tribulações, como as desta pandemia, é possível reencontrar a esperança perdida. E é isto que, justamente, precisamos querer de verdade e com alegria: reencontrar a esperança! Neste presente instante, mais do que nunca, buscar de toda maneira reencontrar a esperança e espalhá-la em todos os corações! Toda crise interrompe muita coisa, mas abre também, para todos nós, uma nesga de esperança!

Acredito,   com   toda   fé   do   meu   coração   franciscano,   em   dias   melhores   que indubitavelmente virão! Minha esperança se apoia nas promessas de Deus. A Palavra de Deus é indispensável para a nossa vida e nós bem sabemos desta veracidade. No Salmo  91,  podemos  ler:  “Não  terás  medo  do  terror  noturno,  da  flecha  que voa  de  dia,  da  peste  que  se  alastra  na  escuridão,  da  mortandade  que devasta  ao  meio  dia…  O  mal  não  se  aproximará  de  ti  e  o  flagelo  não chegará à tua morada, pois a seus anjos ele mandou, a teu respeito, que te guardem em todos os caminhos”1. Por causa da minha fé em Deus e no poder de sua Palavra, exprimo, repetidamente, que eu confio nas promessas de Deus!

A nossa fé em Deus remove montanhas! Ela nos fortalece, torna-nos confiantes e mantém em todo o tempo aceso o fulgor da esperança em nossos corações. Movidos pela fé e pela esperança, podemos acreditar num amanhã melhor! Podemos, tomados da perfeita alegria, vislumbrar o futuro, repletos de confiança, sabendo que os obstáculos serão vencidos e que todos os males serão derrotados! Reitero novamente: “Todos os males serão derrotados”! Nosso Deus é o Deus de toda esperança. Ele é nossa única esperança! É n’Ele que devemos colocar toda a nossa esperança.

Por isso, rezo para que logremos manter viva a esperança, apesar de tudo que acontece de ruim neste nosso mundo. Na força da esperança, se desdobra para nós a chance da revisão da nossa vida, dos nossos conceitos e da nossa responsabilidade na construção de um mundo mais justo e fraterno. Temos, da mesma forma, a oportunidade de colocar nossa vida em seu devido lugar, bem longe das arrogâncias e das autossuficiências. São alternativas suscitadoras da virtude da humildade em nosso coração.

Num coração humilde, a esperança marca o ritmo da vida. Para todos nós, franciscanos, a esperança deve ser uma maneira de viver e acreditar na vida. Precisamos ter uma esperança que seja infinita. Esta esperança infinita nos fará viver a vida sem nenhum tipo de desespero. Ela levar-nos-á a suportar as tribulações na certeza da vitória que está prestes a chegar! Deus está cuidando de nós e seu amor nos ensina a acreditar que a esperança que Ele mesmo nos dá não decepciona jamais!

Na Carta de São Paulo aos Romanos, podemos constatar esta consoladora verdade: “E  não  é  só  isso,  pois  nos  gloriamos  também  de  nossas  tribulações, sabendo que a tribulação gera a perseverança, a perseverança leva a uma virtude comprovada, e a virtude comprovada desabrocha em esperança. Ora, a esperança não decepciona, porque o amor de Deus foi derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado”2.

Nesta hora de dor, de incertezas, de medos, de desassossegos, de descrenças e de desesperanças, desejo que a nossa fé em Deus, bem testemunhada através da vivência da nossa espiritualidade franciscana, seja capaz de devolver a esperança aos corações necessitados, sofregamente, dela. Movidos de tanta esperança, colaboremos com desvelo no cuidado da vida de todas as pessoas. Colaboremos, sem jamais nos cansar, em preservar no coração de cada pessoa o dom da esperança. Que a esperança mantenha as pessoas em paz, mesmo diante de todos os males, sobretudo dos males provocados por esta pandemia. Renovadas na esperança, elas não deixem de sonhar e labutar por dias melhores, fazendo sua parte para que esta pandemia tenha um controle! Sustentados pela fé em Deus e renovados na esperança, conseguiremos,

todos nós, sobrelevar estes períodos difíceis em que estamos vivendo. E não é só isso, poderemos conservar, apesar dos pesares da vida, um sorriso na alma e no coração.

Em suma, quero terminar esta auspiciosa reflexão com uns versos de um samba, que eu aprecio muito de ouvir, chamado “A cor da esperança”. Este samba foi composto por  Cartola  (1908-1980)  em  parceria  com  Roberto  Nascimento  (1940-2019)  e  foi lançado há 42 anos na voz do cantor João Nogueira (1941-2000). Os primeiros versos deste  samba  já  nos  convidam  a  cantar  no  tom  das  certezas,  assim:  “Amanhã  a tristeza  vai  transformar-se  em  alegria  e  o  sol  vai  brilhar  no  céu  de  um novo dia. Vamos sair pelas ruas, pelas ruas da cidade, peito aberto, cara ao   sol   da   felicidade”.   Com   “a   cara   ao   sol   da   felicidade”,   vivamos   a   vida, incessantemente, com renovada esperança e com imensa fé em Deus!

Desejo que minhas humildes palavras, talvez, lhes sirvam para um bom momento de reflexão. Se assim for,

Boa reflexão, então!

Convento São Francisco, Campo Grande, MS, 26 de junho de 2020.

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