Dom Adelar Baruffi
Arcebispo de Cascavel (PR)
Voltamos novamente ao texto de Fulton Sheen, O sacerdote não se pertence, São Paulo, Molokai, 2020. Para ser Dele é preciso ter uma personalidade muito forte! E para ser dele é preciso ter agapao e phileo. Amar e gostar ao mesmo tempo. No texto de João, onde aparece mais este texto, são 320 vezes, o texto com agapao e phileo com 45 vezes.
Era o momento da passagem após a Páscoa, Jesus teria perdoado, com certeza a Pedro. Agora faltava a confirmação: “Cristo: Simão, filho de João, amas-me mais do que estes outros, com um amor divino, sacrifical, vitimário, de entrega de si mesmo? Pedro: Tu sabes, Senhor que eu te amo com uma afeição profunda, humana, instintiva e pessoal, como meu amigo mais íntimo. Cristo: Simão, filho de João, amas-me mais do que estes outros com um amor divino, sacrifical, vitimário, de entrega de si mesmo? Pedro: Já te disse, Mestre. Sabes que eu te amo com uma afeição profunda, humana, instintiva e pessoal, como meu amigo mais íntimo. Cristo: Simão, filho de João, amas-me com um amor instintivo, profundo e pessoal, como teu amigo mais íntimo? Pedro: Quantas vezes, Senhor, terei de repetir a minha resposta? Pela terceira vez, eu te amo com um afeto humano, instintivo, profundo e pessoal, como o que se tem pelo amigo mais íntimo” (p. 275-276). As palavras são amar e gostar. Certamente foram por causa das três vezes em que Pedro o negou, que lhe custou um olhar, só um “olhar”, para levá-lo a chorar, no episódio da fogueira.
A confissão de amor deve preceder a atribuição de autoridade, pois a autoridade sem amor é tirania: “Simão, filho de João, amas-me mais que os outros?” (Jo 21,15). A autoridade é inseparável do amor, do amor interior por cada um de nós! Já pensaram o que significa ao Papa Francisco, no momento de sua eleição, um entregar-se totalmente a Jesus Cristo, o Senhor! Com certeza, porque o Papa Francisco é o sucessor direto de Jesus Cristo, em Pedro. Só assim para compreender tudo o que ouve e continua a sorrir. Não esqueçamos de rezar por ele, sempre.
A palavra “amor” é a palavra usada por “João para exprimir o amor de Deus pelo homem caído”. A outra palavra é amigo. “Ela indica a resposta do espírito humano a algo que se mostra agradável, um amor que implica uma espécie de amizade” (p.275). Pedro estava bravo, pois ele sabia o que havia feito, logo antes, na noite da agonia. É como se o Senhor tivesse colocado suas mãos sobre ele: pobre, fraco, frágil, como o amor de Pedro. Jesus Cristo inicia, com muita firmeza, seu rico apostolado. O homem que assim quis, mais de uma vez, afastar-se da cruz, pois era feia e imperfeita, agora é ele mesmo quem irá morrer, na cruz, para poder mostrar o seu amor por todos nós. E de cabeça para baixo!
Fonte: Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB)