Tentando penetrar muito pouco no jeito de Francisco viver com os outros.
Diz-se que empatia é rir com os que riem, chorar com os que choram. No que diz respeito às lágrimas, pode-se dizer que Francisco certamente chorava muito. Empatia avizinha-se de misericórdia, termo frequente nas fontes franciscanas e utilizado de modo particular no Testamento. Quando se empregava o termo misericórdia na época de Francisco significava “ter o coração ferido pela do outro”, sentir-se ofendido quando o outro é ofendido.
Incontestavelmente Francisco é homem de empatia, constantemente sempre atento aos sofrimentos do que vivem à sua volta e procurando meios para atenuá-los. Sua maneira de estar com seus irmãos, mostra que, muitas vezes, o Poverello sente o que eles ressentem. Testemunha-o esta passagem do Anônimo Perusino: “Se alguém sofria tentações ou tribulações, ao ouvir Francisco falar com tanto fervor e doçura, e olhando a pessoa dele, as tentações desapareciam. Falava-lhes com participação calorosa, não como juiz, mas como um pai aos filhos ou como um médico ao doente, de maneira que revivia o sentimento de São Paulo: Quem é fraco, que eu também não seja fraco, quem tropeça, que eu não me consuma em febre?
A empatia de Francisco é comunhão com os sofrimentos dos outros. F. Dalmas-Goyon, observando o relacionamento de Francisco com os leprosos, estima que misericórdia e serviço suplantariam a pobreza: “Francisco mostra que seu compromisso no serviço aos leprosos era o verdadeiro começo de sua conversão. Isto quer dizer que o fundamento da conversão de Francisco não é a pobreza, mas a comunhão com os que sofrem e são excluídos bem como o investimento concreto a seu serviço. A pobreza ocupa lugar de primeiro plano na espiritualidade franciscana, mas não constitui uma finalidade em si. Está ordenada ao amor de Deus e do próximo”.
Tradução de Frei Almir Guimarães: Michel Sauquet, Le passe murailles
Ed. Franciscanes, Paris, p. 119-11-221
Fonte: Franciscanos – Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil – OFM