Jane Nogara – Vatican News
O primeiro compromisso do Papa Francisco neste sábado (05/11) foi a Santa Missa pela Paz e Justiça, celebrada no Estádio Nacional do Bahrein, em Awali. Francisco iniciou sua homilia citando Isaías que afirmou que o Messias que vem é verdadeiramente poderoso, mas “não como um líder que guerreia e domina sobre os outros, mas como ‘Príncipe da paz’ (9, 5), como Aquele que reconcilia os homens com Deus e entre si. A grandeza do seu poder não se serve da força da violência, mas da debilidade do amor”.
Em seguida convidou a refletir sobre estes dois temas: “amar sempre e amar a todos”. Ao falar sobre amar sempre recordou as palavras de Jesus que nos convidam a fazer isso, isto é, “a permanecer sempre no seu amor, a cultivá-lo e praticá-lo qualquer que seja a situação onde vivermos”. Advertindo em seguida: “Mas atenção! O olhar de Jesus é realista; não diz que será fácil nem propõe um amor sentimental e romântico”, esclarecendo, “Jesus não é utópico, mas realista: fala explicitamente de ‘maus’ e de ‘inimigos’ (cf. 5, 39.43). Sabe que acontece uma luta diária entre amor e ódio, no âmbito dos nossos relacionamentos”, disse acrescentando em seguida, “Ele vê e sofre ao contemplar, nos nossos dias e em muitas partes do mundo, exercícios do poder que se nutrem de opressão e violência, procuram aumentar o espaço próprio restringindo o dos outros, impondo o próprio domínio, limitando as liberdades fundamentais, oprimindo os mais frágeis. Concluindo, Jesus bem sabe que há conflitos, opressões, inimizades”.
Colocando a questão na prática o Papa se pergunta: “Que havemos de fazer quando nos encontramos em situações do gênero? A proposta de Jesus é surpreendente, intrépida, audaz. Pede aos seus a coragem de arriscar por algo que, na aparência, é perdedor; pede-lhes para permanecerem sempre, fielmente, no amor, apesar de tudo, mesmo perante o mal e o inimigo”.
Observando em seguida que o convite de Jesus não tem a ver primariamente com as grandes questões da humanidade, “mas com as situações concretas da nossa vida: os nossos laços familiares”. “Haverá atritos, momentos de tensão, conflitos, diversidade de perspetivas, mas quem segue o Príncipe da paz deve procurar sempre a paz. Exortando em seguida: “É preciso ‘desativar’, quebrar a cadeia do mal, romper a espiral da violência”. “Devemos permanecer no amor, sempre: é o caminho de Jesus para dar glória ao Deus do céu e construir a paz na terra. Amar sempre”.
Ao falar sobre o segundo aspecto “amar a todos”, Francisco disse que “podemos empenhar-nos no amor, mas não basta se o circunscrevermos à esfera restrita das pessoas de quem recebemos igualmente amor”. “Também neste caso”, esclarece o Papa, “o convite de Jesus é surpreendente, porque amplia os confins da lei e do bom senso: já é difícil, embora razoável, amar o próximo, quem é nosso vizinho”. “Mas que sucede se, quem estava distante, vem para perto de nós, se quem é estrangeiro, diferente ou de outro credo se torna nosso vizinho de casa?” E referindo ao Bahrein disse: “precisamente esta nação é uma imagem viva da convivência na diversidade, do nosso mundo marcado sempre mais pela migração permanente dos povos e pelo pluralismo de ideias, usos e tradições”.
“Na realidade”, disse ainda, “isto significa escolher não ter inimigos: ver no outro, não um obstáculo a superar, mas um irmão e uma irmã a amar. Amar o inimigo é trazer à terra um reflexo do Céu, é fazer descer sobre o mundo o olhar e o coração do Pai, que não faz distinções nem discrimina, mas ‘faz com que o sol se levante sobre os bons e os maus e faz cair a chuva sobre os justos e os pecadores’”.
Reiterando Francisco disse ainda que o poder de Jesus é o amor, e Jesus dá-nos o poder de amar desta maneira, de uma forma que nos parece sobre-humana. Na verdade, uma tal capacidade não pode ser fruto apenas dos nossos esforços; é, antes de mais nada, uma graça; uma graça que deve ser pedida com insistência. Sugerindo em seguida: “Frequentemente confiamos à atenção do Senhor muitos pedidos, mas o pedido essencial para o cristão é este: saber amar como Cristo”. Deste modo disse, “lentamente, vão caindo os muros que nos endurecem o coração e encontramos a alegria de praticar obras de misericórdia para com todos. Então compreendemos que uma vida feliz passa através das Bem-aventuranças e consiste em sermos construtores de paz (cf. Mt 5, 9).