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Artigos › 05/09/2021

O PODER DE JESUS DE NAZARÉ

Dom Jacinto Bergmann
Arcebispo Metropolitano de Pelotas (RS)

Talvez possa até ser, que existam pessoas que negam simplesmente o poder de Deus, porque elas não suportam, elas mesmas serem deus e ter o seu poder? Formulando um pouco diferente: Elas mesmas querem ser deuses e senhores, querem ter todo o poder, querem a sua própria lei. Mas, não é isso propriamente que caracteriza viver em um “sistema de ilusão”? Quando Raymond Kurzweil, Director of Enginnering da Google, uma vez foi perguntado, se existia Deus, ele respondeu: “Ainda não!” A resposta esconde a profunda e ardente saudade das pessoas de “brincar de Deus” e de “poder fazer tudo tecnicamente”. Tanto faz, “brincando de deus” e “podendo fazer tudo tecnicamente”, quais são as consequências.

De fato, a humanidade estava caminhando a passos largos para ser dona de todo o poder. A pandemia da COVID19, porém, balanceou a “solidez” desse poder. O coronavírus veio, com uma enxurrada tal, que a sua “solidez” se tornou “líquida”.

Existe um poder que não foi afetado? Na resposta a essa indagação, vou seguir um relativo fácil Procedere: Olho a série das grandes pessoas da história mundial que exerceram o poder – aqueles que o filósofo Karl Jaspers chamou de “pessoas determinantes” (que determinaram a história). Seus poderes ou findaram ou desapareceram. No final das contas sobrou apenas uma pessoa: Jesus de Nazaré, o qual, no último capítulo do Evangelho de Mateus, afirma de si mesmo: “Foi me dado todo o poder no céu e na terra”! (Mt 28,18). De onde vem, este “diferenciado poder”, com o qual Jesus de Nazaré, já agora mais de 2000 anos, inexoravelmente age na história?

Não é o poder de reinos terrenos com capital, com massas, com ideologias, com armas, com doutrinações, com seduções…, em palavras simples, reinos que estão em busca de apenas “ter mais, poder mais e chorar menos”. Reinos que visam tão somente acumular mais, se apoderar mais e se aproveitar mais. Reinos nos quais “é melhor comprar do que rezar”. O poder destes reinos é destruidor.

O poder de Jesus de Nazaré é de outro formato. Ele constitui-se pelo fato de Ele próprio ser “o Caminho, a Verdade e a Vida” (Jo 14,6). O “Caminho” para ser mais e não apenas ter mais, a “Verdade” para servir mais e não apenas poder mais e a “Vida” para amar mais e não apenas aproveitar-se mais. Este é o Reino irrompido em Jesus de Nazaré, no qual “é melhor rezar do que comprar”. O poder deste Reino é salvador.

O poder salvador de Jesus de Nazaré esteve, está e sempre estará presente nas comunidades formadas por pessoas que na liberdade se unem e vivem o seu dia-a-dia segundo o Sermão da Montanha (Mt 5-7). Outra salvação para a humanidade não existe! Já foi praticamente tudo experimentado, e só para citar alguns experimentos: o egoísmo, que se coloca a si mesmo no centro do mundo e sempre se pergunta: “o que é bom para mim? o hedonismo, que acha que a felicidade do ser humano está na adrenalina do momento em utilizar e consumir; o individualismo, que diz: “cada um para si mesmo e não confie em ninguém!”; o coletivismo que converte as pessoas em massa e as forçam para a sua felicidade. E a lista continua.

Os séculos 19 e 20 foram, de modo intenso, uma plêiade incessante de experimentos de poder no sentido de oferecer o melhor para a salvação da humanidade. Porém, o que constatamos: todos esses experimentos continuaram e até aumentaram as consequências da miséria e da morte sem igual de milhões. Que poder é este que deixa “caminhos, verdades e vidas” que produzem a miséria e matam milhões de seres humanos? Talvez seja a hora de experimentar o poder de Jesus de Nazaré – “o Caminho, a Verdade e a Vida” que tem como unicamente a proposta viver o seu “Sermão da Montanha” em comunidades livres, fraternas, mansas, pacíficas, justas e misericordiosas.

Jesus de Nazaré trouxe, traz e trará a verdadeira salvação e isso é o seu “poder”!


Fonte: Conferência Nacional dos Bispos do Brasil – CNBB

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