Frei Rogério Viterbo de Sousa, OFM
Seguramente, quanta alegria celebrar a Rainha e Padroeira do nosso Brasil, Nossa Senhora da Imaculada Conceição Aparecida ou, simplesmente, Nossa Senhora Aparecida, Mãe de Nosso Senhor Jesus Cristo e nossa querida Mãe! A data de sua festa, dia 12 de outubro, foi escolhida em 1930 pelo Papa Pio X, sendo considerado feriado nacional desde 1980, após a visita do Santo Padre, o Papa João Paulo II.
Fazendo um pouco de memória de sua impressionante história, sabemos que sua aparição aconteceu em 1717, época em que o Brasil era dividido em Capitanias Hereditárias, quando a cidade de Guaratinguetá se preparava para receber o Governador Dom Pedro de Almeida Portugal, da Capitania de São Paulo. Para isso, três simples pescadores foram encarregados de conseguirem os melhores peixes para a ocasião. Domingos Garcia, Filipe Pedroso e João Alvez foram até o Rio Paraíba do Sul. Por não ser época de pesca, eles rezaram pela bênção da Virgem Maria para conseguirem voltar com fartura. Foram diversas tentativas naquele dia, até lançarem as redes mais uma vez e capturarem o corpo de uma imagem. Em seguida, pescaram a cabeça, da qual o encaixe era perfeito com o corpo. O resultado foi a grande quantidade de peixes que surgiram logo depois, sendo esta a primeira intercessão referida à Nossa Senhora Aparecida. A imagem de Nossa Senhora Aparecida foi mantida na casa de Filipe Pedroso por 15 anos, até ser construída sua primeira capela em 1734, pelo vigário de Guaratinguetá. Cem anos depois, foi iniciada a construção de uma igreja maior para acolher o número cada vez maior de fiéis, sendo inaugurada em 1888.
Analisando, mesmo que resumidamente, esta belíssima história do encontro da imagem de Nossa Senhora Aparecida, podemos sentir a bondade infinita de Deus ao conceder para nós, brasileiros, sua Santíssima Mãe. Nesta atitude de fé incendida por esta graça, aprendemos que celebrar a festa de Nossa Senhora Aparecida, padroeira do Brasil, significa contemplar aquela que soube orientar sua vida na fidelidade ao projeto de Deus, defendendo e promovendo a vida do povo sofredor. Nós, brasileiros, guardamos-lhe um profundo amor e um verdadeiro culto de veneração.
Aprendemos, de um jeito terno, que a solidariedade de Nossa Senhora Aparecida com as pessoas necessitadas e excluídas é, para todos nós, que temos fé na sua maternal intercessão e que praticamos religião, um valoroso exemplo de como devemos caminhar na vida, buscando com fidelidade ser discípulos e missionários de Nosso Senhor Jesus Cristo, seu Filho bendito.
Aprendemos também que, quando rezamos diante da pequena imagem de Nossa Senhora Aparecida, sentimos em nosso coração um convite para uma vida vivida com mais santidade. Santidade que devemos sempre testemunhar com atitudes, na medida em que nós, como fiéis discípulos de Nosso Senhor Jesus Cristo, aplicamos em nossa vida seus ensinamentos. Há mais de 300 anos, podemos sentir a presença de Deus através da maternal proteção de Nossa Senhora Aparecida. Todo o povo brasileiro sabe que, perpetuamente, pode contar com seus auxílios e poderosa intercessão nas lutas desta vida.
Por tudo isso, evidentemente, sabemos que a verdadeira devoção a Nossa Senhora Aparecida é fonte de vida cristã profunda, é fonte de compromisso com Deus, com a Igreja, com os irmãos e com as irmãs. Recordo-me das palavras do Santo Padre, o Papa João Paulo II, em sua visita a Aparecida e ao povo brasileiro, exortando-nos a seguir os exemplos da Santíssima Mãe do céu e da terra: “Permanecei na escola de Maria, escutai a sua voz, segui os seus exemplos. Como ouvimos no Evangelho, ela nos orienta para Jesus: ‘Fazei o que ele vos disser’ (Jo 2,5). E, como outrora em Caná da Galileia, encaminha ao Filho as dificuldades dos homens, obtendo dele as graças desejadas. Rezemos com Maria e por Maria: ela é sempre a ‘Mãe de Deus e nossa’”1.
Lembro-me também das palavras fervorosas do Santo Padre, o Papa Francisco, em sua visita a Aparecida, no Santuário Nacional. Disse ele: “Quem poderia imaginar que o lugar de uma pesca infrutífera tornar-se-ia o lugar onde todos os brasileiros podem se sentir filhos de uma mesma Mãe? Deus sempre surpreende, como o vinho novo, no Evangelho que ouvimos. Deus sempre nos reserva o melhor. Mas pede que nos deixemos surpreender pelo seu amor, que acolhamos as suas surpresas. Confiemos em Deus!”2
Com toda certeza, Nossa Senhora Aparecida nos ensina a cada dia a confiar em Deus. Ela é para todos nós um modelo de fé, de obediência, de humildade, de amor e de fidelidade a Nosso Senhor Jesus Cristo e de serviço fraterno a todas as pessoas. Ela é um exemplo de alguém que acreditou nas promessas de Deus. Ela continua a indicar a missão que devemos assumir, dizendo-nos: “Fazei tudo o que Ele vos disser”3.
Humildemente, com todo amor do meu coração franciscano, eu rezo pedindo que Nossa Senhora Aparecida, nossa querida Mãe, nos acompanhe em nosso caminho de fé e em nossa vocação franciscana. Que Ela nos acompanhe também em nosso itinerário de conversão, nos ajude a sermos vinho da alegria, da esperança e da
bondade para o nosso próximo. Que busquemos, com toda força de nossa alma, imitá-la na sua atitude de humildade, de serviço e de amor.
Assim sendo, quero ainda pedir a Nossa Senhora Aparecida com as palavras da antiga antífona que canta: “Sob a vossa proteção procuramos refúgio, Santa Mãe de Deus: não desprezeis as súplicas de quem se encontra em provação, mas livrai-nos de todo o perigo, oh Virgem gloriosa e bendita!”
Que Nossa Senhora Aparecida, nossa Mãe Santíssima e Imaculada de toda a mancha original, interceda por todos nós! Amém!
Desejo que minhas humildes palavras, talvez, lhes sirvam para um bom momento de reflexão. Se assim for,
Boa reflexão, então!
Convento São Francisco, Campo Grande, MS, 05 de outubro de 2020.